Análise do equilíbrio das variáveis macroeconômicas do regime de metas de inflação sob a abordagem de sistemas de equações em diferença
DOI:
https://doi.org/10.5540/03.2015.003.01.0141Resumo
O regime monetário de metas de inflação adotado pelo Brasil em 1999 após uma crise cambial tem o objetivo de fazer um anúncio prévio de uma meta numérica para a inflação buscando com isso coordenar a formação de expectativas inflacionárias dos agentes e a fixação de salários e preços. Muitos trabalhos empíricos relacionados à avaliação do regime de metas de inflação no Brasil ou adotando modelos e simulações matemáticas para estudar a compatibilidade entre o regime de metas de inflação e políticas econômicas de natureza heterodoxa, surgiram de diversas correntes de pensamento econômico. O presente trabalho apresenta um modelo matemático com o objetivo de analisar o equilíbrio das variáveis macroeconômicas (diferencial de juros, variação da taxa de câmbio, hiato do produto e inflação) no contexto do regime de metas de inflação sob a ótica de propriedades matemáticas do sistema de equações em diferenças para o período 1999-2013. A análise dos resultados possibilitou apontar a existência de convergência do modelo para um equilíbrio no qual, o diferencial de juros tem sinal negativo e a variação da taxa de câmbio, o hiato do produto e a inflação sinais positivos. I. Introdução De maneira simplificada, o regime de metas de inflação pode ser definido como uma estratégia de condução da política monetária baseada no estabelecimento de uma meta para a inflação, no início de determinado período, que é anunciada publicamente pelo governo e cujo cumprimento deve ser responsabilidade do Banco Central1. Este regime visa uma maior transparência na condução da política monetária, baseada na busca pelo aprimoramento dos canais de comunicação entre o Banco Central e os agentes, para que possa haver um monitoramento e uma avaliação do desempenho da autoridade monetária. Desta forma, essas metas podem coordenar a formação de expectativas inflacionárias dos agentes e a fixação de salários e preços, atuando assim como uma âncora nominal tanto para a inflação atual como para as expectativas futuras. Vários autores de diversas correntes de pensamento econômico debruçaram-se sobre a questão da avaliação do regime de metas de inflação após sua implementação no Brasil. Inicialmente, privilegiaram-se aspectos técnicos do modelo, com destaque para os trabalhos de [3] e [8]. Transcorridos alguns anos, houve um aumento substancial no número de trabalhos empíricos relacionados à avaliação do regime de metas de inflação no Brasil, em grade parte adotando um ponto de vista de crítica ao referido regime, como por exemplo [10]. Outra vertente de trabalhos tem procurado avaliar, por meio de modelos e simulações matemáticas, a compatibilidade entre o